Valério Andrade - crítico de Cinema
Natal, Cine Rex, anos 50. Foi lá que conheci Elizabeth Taylor e como todo mundo fiquei deslumbrando com a sua perturbadora beleza. Belíssimo, o rosto não tinha ângulo desfavorável. Os olhos azuis adquiriam uma singular tonalidade violeta. Era um olhar hipnótico. A câmara – e, é claro, os homens – a amavam na vida real e na tela.
A realidade e a ficção
O seu caso de amor com Richard Burton foi tão tumultuado como as filmagens da segunda versão de “Cleópatra”, na qual a realidade se confundiu com a ficção. Na tela, ela trocou César (Rex Harrison) por Marco Antônio, na vida real, o marido, Eddie Fisher, por Richard Burton.
Acusado de haver “roubado” o marido de sua antiga amiga e colega da Metro, Debbie Reynolds, Liz, disse, secamente: “Eu não tirei o que ela teve”. Leia-se: Debbie não tinha o amor de Eddie Fisher.
A devoradora de homens
Acusada de haver desfeito o casamento da dócil Debbie, Liz passou a ser retratada pela imprensa americana como uma “devoradora de homens” e destruidora de lares. Por causa dela, Richard Burton, que tinha um casamento estável com uma inglesa, separou-se.
Liz costumava dizer que somente ia para cama depois do casamento – foram oito, inclusive, dois com o mesmo homem: Richard Burton. Segundo comentou-se nos bastidores de “Cleópatra”, em Roma, Burton teria sido a exceção da regra.
Quando um assustado Eddie Fisher, cuja carreira no cinema dependia mais dela do que dele (o seu papel em “Disque Butterfield 8” foi obtido por imposição de Liz), chegou a Roma de Fellini o seu lugar na cama e na vida da esposa haviam sido ocupados por Burton.
A sensualidade de Liz
De repente, Debbie Reynolds viu o ex-marido ser rejeitado como ela havia sido. Foi a vingança chegando mais depressa do que ela esperava. Se Debbie não era tão boa na cama como Liz, Eddie Fisher também não seria tão bom quanto Richard Burton.
Com o súbito final da carreira cinematográfica e com o declínio como cantor, Eddie Fisher caiu no fundo do poço do ostracismo. Resolveu ditar a autobiografia. Mas quem estaria interessado nele? Mas ele sabia de algo que interessava a todos: a sua vida com Liz Taylor.
O segredo sexual
No livro de Eddie Fisher, inédito no Brasil, ele diz que Liz era insaciável e que ele era bom de cama: “Ela não queria uma vez, nem duas, mas três vezes por noite”. Outra revelação, ainda mais excitante: “Ela tem um dom erótico que nunca conheci em nenhuma mulher: uma vagina em formato de sanfona”.
O auge da fama
Com o final do contrato com a Metro, Liz foi convidada pela 20th Century-Fox para a superprodução “Cleopátra”. Ela, porém, não queria fazer o filme e por isso fez uma exigência inédita na história do cinema: o cachê de um milhão de dólares: mas aconteceu o que ela própria achava impossível: a Fox aceitou.
Ao contrário do que foi dito no noticiário sobre a sua morte, não foi o cachê que quase levou a Fox à falência, nem também o filme resultou em estrondoso fracasso de bilheteria. O que balançou um dos setes maiores estúdios de Hollywood, foi o altíssimo custo de produção – algo em torno de 33 milhões de dólares, quantia impensável e irrecuperável em 1961.
A visita da morte
Rio, redação do Correio da Manhã, 1961. O telex enviado de Londres informava: “Elizabeth Taylor foi hospitalizada e o seu estado é grave”. Outro despacho informava que ela estava com pneumonia. A seguir, o mais assustador: Liz fora submetida à traqueotomia.
Na junta médica contratada pela Fox, constava o nome do médico particular da Rainha Elizabeth. Durante cinco dias havia dúvidas de que Liz, com apenas 28 anos, sobreviveria.
A preparação do obituário
Naquele tempo não havia internet e os jornais arquivavam as noticias em pastas no Departamento de Pesquisa. Coube a mim, como critico substituto da coluna de cinema (o titular era Moniz Vianna) escrever o obituário de Elizabeth Taylor. Com o espaço reservado apenas para a manchete, o subtítulo e o despacho telegráfico, essa matéria, como é obvio, felizmente, não foi utilizada.
Lembrei-me dessa missão jornalística e dos tempos que passei na redação do Correio da Manhã, ao ver no Jornal Nacional que Elizabeth Taylor havia partido – mas a imagem que conheci no Rex acha-se preservada na minha memória e nos filmes da videoteca.
A Felicidade não se Compra
Bené Chaves - crítico de Cinema, poeta e escritor
Realizado há mais de cinquenta anos, ‘A Felicidade não se Compra’ continua a ser um desses filmes que sempre enaltece a alma humana. De um otimismo fora do comum, Frank Capra também criou um tipo de comédia social que elevou seu nome ao sucesso absoluto nas décadas de 30/40, logo em seguida à grande Depressão Americana iniciada a partir de 1929. E a fita em questão, realizada em 1946, acertou em cheio no espírito do povo dos Estados Unidos e nos anos que se seguiram depois da crise no âmbito local.
De origem siciliana, Capra emigrou para Nova York em 1903, começando como argumentista nas comédias de Oliver Hardy (o Gordo) e Stan Laurel (o Magro) e conseguindo a liberdade de criar os primeiros sucessos de sua talentosa carreira. Daí iniciou logo cedo a trabalhar e realizou algumas obras importantes, destacando-se, sobretudo, em ‘Aconteceu naquela Noite’, produção de 1934 e que ganhou os principais prêmios da época. E principiava, então, o brilhantismo do jovem e adulto promissor.
‘A Felicidade não se Compra’ não foge à regra e conta a história (nos festejos natalinos da capital americana), em tom de fábula/fantasia, de um homem da classe média que se vê às voltas com as adversidades do mundo, tentando construir uma maneira de se adaptar melhor às condições de vida. E o personagem principal da trama está à beira do desespero e nem sempre consegue o que idealizou.
Existem, claro, situações outras que deturpam (ou tentam impedir) os meios favoráveis para o mesmo ter uma existência sem dificuldades. Neste aspecto, Bailey terá a ajuda de um anjo que será seu protetor. É aí onde se configura a fantasia, quando Clarence, o chamado anjo da guarda de nosso herói, entra literalmente em cena.
Isso tudo porque, devido às espertezas de uns e maldades de outros, o personagem se vê em apuros, fugindo de todos e se desesperando ante as já comentadas contrariedades que se instalam no seu cotidiano.
E, da ingenuidade ao humor, Capra vai narrando com maestria sua fábula e mostrando os passos de George Bailey (numa boa interpretação de James Stewart/foto) que sempre se sacrificou pelo próximo. É o que se faz perceber logo no início, quando o tal anjo é designado para salvar-lhe à vida e também guardá-lo das desgraças.
Em uma pitada de ironia mostra-se também o interesse do protetor (até os anjos com suas cobiças, imagine!), pois ele está na missão de ganhar um par de asas. Tudo fará, certamente, para livrar nosso herói e inclusive convencê-lo de como a cidade seria diferente se o mesmo não existisse.
É o mundo confiante do realizador de ‘Do Mundo nada se Leva’ (1938), como também a universal dimensão de seu lado fraternal, irônico, vivencial. Uma simples cena, um gesto qualquer (vide o corrimão da escada, o detalhe da mão segurando a peça solta), a ironia suprema (Bailey no bar pedindo a proteção dos céus, rezando e logo depois sendo esmurrado), são fatores característicos das imagens de Capra dentro de situações que ele criou e adaptou na sua trajetória cinematográfica.
E imagens para realçar um entendimento e entretenimento nas necessidades diárias: uma mulher bonita sendo induzida ao casamento para construir com o amado um lar feliz e lindo. E as tentações da vida, de um bem-estar social melhor.
Com clareza, Frank Capra mostra as façanhas de cada um: a solidariedade de alguns poucos e a ruindade de outros muitos. E a fita toma a feição e a defesa do Bem sobre o Mal, no já denunciado quadro de otimismo que permeia seu desenrolar, levando-nos a uma mistura de amor, riso e emoção.
Marquises/ filmes /2011
Sem limites
O roteiro diluiu o que a história tinha de bom, enquanto a direção de Neil Burger supervalorizou a técnica em detrimento da temática e da tragédia pessoal do protagonista. Para atrair o público através da ação, o filme banalizou a originalidade e superficializou o drama.
Jogo do poder
Com um tema contundente, reduzido a uma rotineira aventura de ação, “Jogo do Poder” ficou longe do filme que poderia ter sido. Outro equivoco: a escolha de Sean Penn. Ator pernóstico, típico contestador de tudo e de todos, mesmo quando defende uma causa simpática, o faz de maneira antipática. Falta-lhe o carisma, a humanização e a empatia pessoal que um Harrison Ford estabelece com o telespectador.
placar das atuações - novelas
Para quem quiser ver como um ator faz a diferença em uma novela, o que, aliás, ocorre com frequência nos filmes, veja Lima Duarte em Araguaia. A seu respeito, pode-se repetir a frase que, apesar de velha, permanece atual: talento não tem idade.
A propósito da idade e do talento, lembre-se (sempre) da expressiva presença de Fernanda Montenegro (81 anos) em Passione.
Aos 81 anos, Lima Duarte há décadas atuando em novelas (entre outras, “O Bem Amado”, “Roque Santeiro”) tem vivendo personagens que não foram esquecidos – e, com a veloz rotatividade das novelas, é preciso um desempenho incomum para permanecer na memória do público.
Além do seu talento versátil, Lima Duarte, não importa a novela ou o papel, corporifica o personagem com o seu singular estilo de representar. Muda de cara, de condição social, no modo de falar (agora, o sotaque é gaúcho), mas a marca do seu estilo permanece intacta na tela. Em papel feito sob encomenda em Araguaia, o seu talento e o seu estilo aparecem de corpo inteiro na figura de Max Martinez.
xadrez potiguar
O vencedor do 124º edição do Torneio de Xadrez Rápido, realizado domingo (27), foi Ricardo Cariello (foto) que obteve 5.5 pontos no máximo de seis. A segunda colocação ficou com Roger Diogo (foto), com 5 pontos. A coordenação ficou a cargo de Lenia Damasceno (foto) e contou com 16 jogadores.
Além do campeão e do vice, os demais enxadristas foram: Thiago Chellappa; Flavio Leite; Atila Damasceno; Izael Brasilino; Rafael Albuquerque; Luiz Eduardo; Allysson Muniz; Alemberg Morais; Rodrigo Albuquerque; David Frankental; Atena Damasceno; Zapata Damasceno; Welligton Albuquerque; Joseilma Medeiros
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