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segunda-feira, 6 de agosto de 2012
E-mail Orkut 'Cinquenta Tons de Cinza' vende 20 milhões de cópias nos EUA
Fenômeno literário sem precedentes com quase 40 milhões de livros vendidos em poucos meses, Cinquenta Tons de Cinza - romance erótico com tons de sadomasoquismo escrito por uma mãe de 49 anos - está prestes a superar todos os recordes do mundo editorial.
"Nunca antes um livro destinado a um público adulto tinha vendido tanto e tão rápido", informou a Random House, editora do livro em inglês. Por enquanto, só os sete volumes de Harry Potter superam a história de Anastasia Steele e Christian Grey, o lascivo casal da trilogia de E.L. James.
Assim como J.K. Rowling, autora da saga de Harry Potter, E.L. James (cujo nome de batismo é Erika Mitchell), é britânica. Até pouco tempo, porém, ninguém tinha ouvido falar desta executiva de televisão, inventora de um novo gênero literário, híbrido entre o romance açucarado e o erotismo sem tabus.
O protagonista da trama, Christian Grey, é um enigmático multimilionário que, segundo diz o livro, "não deve nada ao Davi de Michelangelo". O personagem poderia ter saído de um romance banal se não desse uma surra na jovem virgem Anastasia pouco depois de conhecê-la e a convidasse a encarnar uma "dominante-submissa" (com referências a chicotes e algemas da parafernália sadomasoquista).
A trilogia de 1.500 páginas, que começa com Cinquenta Tons de Cinza e segue com Cinquenta Tons Mais Escuros e Cinquenta Tons de Liberdade, leva o leitor a descobrir os cinquenta tons de cinza da atormentada alma do multimilionário. Um objetivo que a cada dez páginas é interrompido com a "explosão dos sentidos" dos protagonistas em jogos eróticos de alta voltagem, com grande riqueza de detalhes.
E.L. James, que disse ter se inspirado na saga Crepúsculo, publicou inicialmente trechos de sua trilogia em uma fan page da série americana para adolescentes e só depois a editou como livro eletrônico. Rapidamente, centenas de milhares de pessoas baixaram os volumes na web.
"Em 6 de março de 2012 nos propuseram o livro. O avaliamos em uma noite e em 12 tínhamos concluído a cessão de direitos", contou à AFP Susan Sandon, diretora executiva da Random House.
Em cinco meses, Cinquenta Tons de Cinza vendeu 20 milhões de cópias só nos Estados Unidos, onde algumas livrarias, a princípio, recusaram a obra por considerá-la "inadequada". No total, 43 países compraram seus direitos.
Algumas críticas não foram tão favoráveis ao livro. "Cinquenta Tons de Cinza tem diálogos improváveis, um enredo fraco e repetições irritantes", condenou, por exemplo, o jornal The Guardian. Muitos leitores, porém, não esperam que ele seja uma obra-prima e se mostram satisfeitos por encontrar este tipo de literatura nas livrarias e não nas estantes escuras de sex shops.
"Não consigo largar o livro", afirmou a jovem britânica Janine. "Apesar de ter um estilo terrível, não consigo parar de ler", acrescentou outra leitora. "É uma velha história de amor, mas com muito sexo", observou uma terceira, entre as 4.500 pessoas que enviaram sua opinião ao site da Amazon no Reino Unido.
Os sexólogos e os críticos se perdem em conjecturas ao analisar o fenômeno. "As pessoas se apaixonam porque hoje estamos prontos para realizar nossos desejos", explicou Michelle Bassam, sexóloga de Londres. "Muitas mulheres vêem filmes pornô para aprender sobre certas práticas", relatou. "Antes, tinha-se a impressão de que esta não era uma opção". E tanto a editora quanto os livreiros confirmam: os homens também são fisgados pelo magnetismo de Christian e Anastasia.
Polêmicas à parte, E.L. James já trabalha em seu próximo livro - um segredo guardado a sete chaves na casa de Londres que divide com seu marido há mais de vinte anos.
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