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quarta-feira, 8 de agosto de 2012
Inspirado em Crepúsculo, romance erótico Cinquenta tons de cinza vira febre mundial
Fenômeno literário sem precedentes, com quase 40 milhões de livros vendidos em poucos meses, Cinquenta tons de Cinza, romance erótico com tons de sadomasoquismo, escrito por uma mãe de família de 49 anos, está prestes a superar todos os recordes do mundo editorial.
"Nunca antes um livro destinado a um público adulto tinha vendido tanto e tão rápido", informou a Random House, editora do livro em inglês. Por enquanto, só os sete volumes de Harry Potter superam a história de Anastasia Steele e Christian Grey, o lascivo casal da trilogia de E.L. James. Assim como J.K. Rowling, autora da saga de Harry Potter, E.L. James (cujo nome de batismo é Erika Mitchell), é britânica.
Mas até agora ninguém tinha ouvido falar desta executiva de televisão, inventora de um novo gênero literário, híbrido entre o romance açucarado e o erotismo sem tabus. Seu protagonista, Christian Grey, é um enigmático multimilionário que, segundo diz o livro, "não deve nada ao Davi de Michelangelo". O personagem poderia ter saído de um romance banal, se ele não desse uma surra na jovem virgem Anastasia pouco depois de conhecê-la e antes de convidá-la a encarnar uma "dominante-submissa", com referências a chicotes e algemas da parafernália sadomasoquista. A trilogia de 1.500 páginas, que começa com Cinquenta tons de cinza e segue com Cinquenta tons mais escuros e Cinquenta tons de liberdade, leva o leitor a descobrir os cinquenta tons de cinza da atormentada alma do multimilionário.
Um objetivo que a cada dez páginas é interrompido com a "explosão dos sentidos" dos protagonistas em jogos eróticos de alta voltagem, com grande riqueza de detalhes. E.L. James, que disse ter se inspirado na saga Crepúsculo, publicou trechos de sua trilogia em uma "fan page" da série americana para adolescentes, antes de editar Cinquenta tons de cinza como livro eletrônico em maio de 2011. Muito em breve, centenas de milhares de pessoas baixaram os volumes na web. "Em 6 de março de 2012 nos propuseram o livro (...), o avalizamos em uma noite (...) e em 12 tínhamos concluído a cessão de direitos", contou Susan Sandon, diretora executiva da Random House.
Uma "velha história de amor com muito sexo"
Há cinco meses, Cinquenta tons de cinza vende como pão quente. Foram 31 milhões de cópias em inglês, 20 milhões nos Estados Unidos, onde algumas livrarias, a princípio, recusaram o livro por considerá-lo "inadequado". "Quinhentos mil vendidos por semana na Grã-Bretanha!", exclamou Jon Howells, da livraria Waterstones em Londres, onde a trilogia ocupa uma estante muito visitada. Um total de 43 países comprou os direitos, disse a agente da autora, Valerie Hoskins. Cinquenta tons de cinza tem diálogos "improváveis", um enredo "fraco" e "repetições irritantes", condena o jornal The Guardian, como a maioria dos críticos.
No entanto, muitos leitores não esperam uma obra-prima e se mostram especialmente satisfeitos por encontrar este tipo de literatura nas livrarias e não nas estantes escuras de "sex shops". "Não consigo largar o livro", afirmou a jovem britânica Janine. "Apesar do estilo terrível, não consigo parar de ler!", acrescentou outra leitora. "É uma velha história de amor, mas com muito sexo", observou uma terceira, entre as 4.500 pessoas que enviaram sua opinião ao site da Amazon no Reino Unido. Os sexólogos e os críticos se perdem em conjecturas ao analisar o fenômeno.
"As pessoas se apaixonam porque hoje estamos prontos para realizar nossos desejos", explicou Michelle Bassam, sexóloga de Londres. "Muitas mulheres veem filmes pornô para aprender sobre certas práticas", relatou. "Antes, tinha-se a impressão de que esta não era uma opção", concluiu. No entanto, tanto a editora quanto os livreiros confirmam: os homens também são fisgados pelo magnetismo de Christian e Anastasia.
"O que nos surpreendeu é vermos pessoas que nunca compram livros se lançarem (sobre Cinquenta tons de cinza)", destacou Sandon, da Random House. Polêmicas à parte, E.L. James já trabalha em seu próximo livro, um segredo guardado a sete chaves na casa a oeste de Londres que a autora divide com seu marido há mais de vinte anos e os dois filhos adolescentes.
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